Você acorda todas as manhãs e faz um tremendo
esforço para levantar da cama. Apesar disso, tem dias que você sente o corpo
tão pesado a ponto de simplesmente não querer levantar. E fica ali, deitada,
olhando para o teto e pensando na sua vida. Os olhos inchados são a prova fiel
do que você passou na noite anterior. Você pensa se realmente é possível
realizar um sonho. Você pensa se todo o esforço que você está fazendo vai ter
algum resultado no futuro. Futuro... Acho que algum tempo atrás essa palavra nunca
soou tão dolorosa pra você. Ou tão encantadora. Acho que é uma mistura das duas
coisas. Ou talvez uma mistura de todas as coisas. Você volta a pensar no seu
presente. E consequentemente pensa em você, deitada ali na cama. Com muito
custo, você finalmente se levanta. Faz sua higiene pessoal, come alguma coisa.
E vai em direção aos livros...
Por horas você fica ali, sentada, concentrada
(ou pelo menos tentando), procurando entender cada palavra lida, assimilar cada
frase estudada e torcendo pra ainda lembrar de tudo conforme as páginas vão
sendo viradas. Você vê fórmulas e mais fórmulas e por vezes sente raiva das
pessoas que as inventaram. Você se preocupa com o tempo, porque sempre acha que
ele é insuficiente pra que você possa estudar tudo que é necessário. E às vezes
só de olhar para a pilha de livros na mesa te dá vontade de chorar.
As horas voam e quando você percebe, estudou
tanto que sua cabeça já começa a doer. O sol se pôs e você nem viu... As
estrelas acordaram no céu e você nem notou. Mas de repente você larga o lápis e
o papel e algumas cenas são (re)passadas na sua cabeça como num filme. Você
lembra de todas as vezes que os "Sem Coração" te julgaram, te
humilharam e disseram que você jamais vai conseguir. Você lembra de todas as pessoas
que ainda duvidam da sua capacidade e que fazem questão de te machucar e às
vezes se pergunta se o que elas dizem talvez seja verdade.
E é assim, bem assim, que as palavras teimam
em sair. Elas se escondem bem lá dentro esperando que algum dia tenham coragem de
dar as caras. E é nesses momentos que as lágrimas roubam a cena, e mesmo as
próprias lágrimas relutam em escorrer pelo seu rosto, porque apesar de tudo,
você ainda busca forças dentro de si mesma.
Você enfim fecha os livros e deita na cama.
Você volta a olhar para o teto e volta a pensar na sua vida. Apesar das
lágrimas, um sorriso sincero ainda cria forma no seu rosto. Aquele sorriso que
traduz a sua persistência, a sua vontade de sonhar apesar dos obstáculos. E as
fórmulas voltam a ocupar sua mente... Mas quer saber de uma coisa?
A vida não se resume a formúlas.
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