Cartas de amor ao Rei

                

Eu tinha a certeza de que aquele amor era impossível. Na verdade eu nem sei se realmente era amor. Acredito que seja uma espécie de admiração por ser aquilo que um dia você gostaria de ser.
Meu nome é Cálita, filha de Cássia e Mauro, irmã mais nova de Jaquerine e moro na parte humilde e batalhadora também chamada de plebe de Carland, uma ilha governada pelo Rei Arnald. Nunca tive o poder de vê-lo pessoalmente. A nobreza não se misturava com a realeza, e quando eles saiam de seus castelos com grandes muros, eram em carruagens que davam para pagar a nossa casa que foi construída em longos vinte anos e levar todos nossos bens.
Eu só sabia que a rainha tivera um filho, mas nunca cheguei a conhecê-lo e muito menos fazia questão de tal acontecimento. Eu não precisava me interagir com os demais, mas Jaquerine e eu adorávamos passear pelo bosque procurando flores exóticas.
Em um belo dia encontrei sentado em uma pedra com os braços apoiados à cabeça um homem de cabelos castanhos e olhos claros. Encarei-o por alguns minutos. Ele sorriu e eu o vi se aproximar.
Ele disse seu nome e eu empalideci. Dizia que eu era um anjo, e que era linda.
E enquanto as palavras saiam de sua boca, eu olhava aqueles olhos pedindo a Deus que eles nunca mais saíssem de minha cabeça. Então ele se aproximou.
Acordei assustada com o barulho do despertador. Olhei ao meu redor. Eu ainda era a Cálita dona apenas do meu olhar.


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