O Capítulo 13



[...] Ele me levou para um prédio velho da cidade. As portas estavam trancadas e o prédio parecia da década de 90 e ficava ao lado de um cemitério antigo. O jeito com que ele fora construído dava a impressão de que fora arquitetado da melhor maneira possível.
Cada sessão de escada que eu subia, sentia um frio gelado no meu rosto, mas as janelas estavam todas trancadas. Na maioria das vezes eu olhava para trás e J.R pegava em minha mão ajudando-me a subir. 
Ele abriu uma porta de vidro e chegamos ao terraço, uma varanda enorme como se fosse uma área ou cantina, porém sem cobertura alguma. Mais escadas, dessa vez de ferro, davam acesso a outro par de prédios, mas que estavam trancados. 
A vista era simplesmente maravilhosa. Eu conseguia ver a estátua que o prefeito local mandara fazer - em homenagem a sua esposa que falecera - toda iluminada à noite, e boa parte da cidade e suas luzes. 
O vento soprava em meu cabelo e eu fechava os olhos tentando aproveitar cada momento. Caminhei em direção à mureta para apreciar cada vez mais a paisagem e senti as mãos de J.R. na minha cintura. Ele cheirava o meu pescoço e eu sentia um leve calafrio. Virei-me e encarei seus olhos cor de mel e seu sorriso como quem sabia o que eu pensava.
O sorriso mais bonito e misterioso que já havia visto.
A maior besteira do mundo é se apaixonar. Eu me apaixonei. Ao mesmo tempo, eu sentia que isso era bom e ruim. Bom, pois ainda existiriam chances de um sentimento em mim depois de tantos "ais" e dor. Ruim, pois sabia que a qualquer momento poderiam destruir meu paraíso como nas diversas outras vezes.
Eu me apaixonei por uma pessoa misteriosa, que não sabia nem seu sobrenome. Uma pessoa que era chamada apenas pelo nome e não dizia exatamente nada sobre a sua vida. Alguém que eu simplesmente achava atraente pelo jeito de se comportar na frente de outras pessoas. Uma pessoa que com seus mistérios, eu confiava de certa maneira, apesar de todos dizerem que eu estava maluca.
Ele me olhava nos olhos e eu me sentia especial. Naquele momento esqueci Carol, Olívia e das outras pessoas. Era só eu e ele. 
- Porque você me emprestou aquele livro misterioso?
Ele se afastou.
- Não posso emprestar um livro que eu gosto?
- Claro que pode, mas talvez algumas coisas nele fazem todo o sentido na vida real. 
Ele se aproximou e colocou a mão em meu cabelo ajeitando-o atrás da orelha.
- Catarine...
Então seus olhos claros se fecharam e ele me puxou para mais perto pela cintura, e como em uma perfeita sincronia, nossos lábios se tocaram e eu senti dentro de mim, algo bater acelerado. A sua mão deslizava pela minha nuca e eu sentia o vento cada vez mais forte. A sensação de arrepio e de frio aumentava. Era o momento perfeito.
Ele se afastou um pouco e me abraçou. Encostei meu rosto em seu ombro e senti o cheiro de seu perfume. Era amadeirado e muito gostoso. O mesmo cheiro que ele deixou na biblioteca, o mesmo cheiro que estava no livro.
Eu cabia exatamente no tamanho daquele abraço e queria sempre tê-lo para me abraçar. Eu odiava ficar apaixonada, mas era instantâneo como se eu sonhasse que estava caindo de um sono profundo. Eu ficava imaginando a pessoa todos os dias no meu lado e nas coisas que mais chamava minha atenção. No caso de me apaixonar pelo misterioso J.R. era uma junção de fatos e atitudes. Ele era completamente diferente de todos os caras que eu já havia visto, porém, aquele ar misterioso me deixava incomodada.
Meus pensamentos foram interrompidos pelo toque do meu celular. Era Gustavo. Eu olhei para J.R. com ar de quem precisava atender e ele saiu de perto andando para a outra extremidade onde ficava a porta.
- Catarine, venha assim que puder para casa. Andei conversando com vovó e encontramos uma coisa que você vai querer ver.
- Certo Gustavo. Já estou indo. 
Quando desliguei o celular e me virei, J.R. já havia indo embora.
Eu o procurei em todos os corredores mal iluminados do prédio. Eram tantos e tão semelhantes que eu me sentia perdida. Para fim, resolvi descer as escadas até chegar no térreo.

- Geissiane Aguiar


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