Ela passava
todos os dias pelos mesmos lugares e sem nunca ter nada de interessante pra descrever.
Na cidade pequena do interior havia somente poucas pessoas, com a mesma
monotonia de sempre. Carros, motos, animais e pessoas fechadas. Adorava quando
um estranho sorria no meio de pessoas vazias. Sentia-se importante. Anne se
sentia assim. As outras pessoas pareciam não se importar. Mas Anne não era igual
as outras pessoas. Via o mundo com outros olhos, de outra maneira. Sonhava com
o dia em que poderia explorar o mundo em que estava a sua volta. O dia em que
poderia sair e conhecer o mundo em que vivia e poder mostra-lo à outras pessoas
também. Desde criança Anne sempre foi simples. Eram essas coisas que a fazia
feliz. Ninguém percebia, mas as coisas simples a fascinavam. Não era preciso
roupas, joias para impressioná-la. Um simples sorriso já a conquistava. Nem ela
mesmo conseguia entender porque da simplicidade. Achava uma coisa linda, terna,
poderosa. Aquelas pessoas todas, da mais linda para a mais rica, e ela só
queria uma que parasse e a percebe-se. Que percebesse que ela precisa não só de
um abraço, que os seres humanos precisam de cuidado e carinho. As poucas
pessoas com quem conversava, eram especiais. As outras, a achavam louca. E
realmente era. As melhores pessoas são. Os seus outros amigos, eram mais
malucos. Eram poucos. Mas esses realmente eram os melhores. Eram esses que a
faziam rir. Os que realmente valiam a pena pegar no pé. Os que a apoiavam no
que precisasse. Principalmente quando pensava em algo novo que precisava ter
decisões. Odiava ter que tomar decisões. Essas decisões eram as vezes importantes.
As vezes baseadas no “Cê que sabe.” Ou no “Deixa pra lá e veremos no que vai
dá”. Não seria nada contra as mudanças. Mas sim pelo fato de ter de tomar
decisões. Odiava o fato de ainda existir um idiota no mundo que a fez sofrer. E
consequentemente, iria fazer isso com outras pessoas também. Odiava esse tipo
de gente. Na verdade mesmo, gostava das pessoas chatas e irritantes. Ela também
era uma. Gente que a fazia rir na frente de uma tela minúscula. Que mandavam
mensagem por tudo e por nada. Gente que se importava em ser gente. Anne não era
a mais inteligente da escola. Nem mesmo da sua sala. Mas também não era a pior.
Era esforçada e dedicava cada minuto do seu tempo. Adorava tirar o dia para
ler, mas se contentava em estudar um pouco num sábado de manhã. Nunca seria
demais. Tudo era novidade. Tudo a agradava. Anne sabia fazer as pessoas
felizes. Tentava agradar os outros, mesmo quando as coisas a desagradassem.
Custava a conhecer pessoas, e quando conhecia dava valor a sua amizade. Não
suportava ver pessoas chorarem.
Reparava muito
nas pessoas que conviviam com ela. Nos mínimos detalhes, mas a sua cidade não
havia nada de interessante. Não havia parques, nem shoppings. O máximo que
havia era uma praça no centro. Anne passava por lá todos dias na ida até a
escola e na maioria das vezes na ida ate a biblioteca. Mas nada estava mudando.
As mesmas coisas de sempre estavam por lá. As mesmas árvores, as mesmas luzes
quebradas. Tudo era o mesmo. Até algumas pessoas pareciam estar no mesmo lugar.
Fazendo as mesmas coisas de sempre. Amava ler os clássicos de Agatha, ou até
mesmo algumas crônicas da Bruna Vieira. Na verdade não precisaria de ser um
livro de autor conhecido. Só precisaria de alguém que seria um exemplo eterno
em sua vida. Alguém que lhe daria inspirações. Na maioria das vezes que
escrevia, escrevia em uma velha folha de papel. Mostrava apenas para os amigos
mais próximos. Tinha vergonha de alguém a achar careta demais. Ela era uma
garota comum. Como metade das outras garotas. Ouvia música sempre que estava
triste, por mais que não soubesse a tradução. Era curiosa, brincalhona e séria
quando necessário. Amava comer essas
“porcarias” por ai. Só não engordava. Mas não ligava para isso. Ela era
saudável e feliz. Isso era realmente o que importava.
– Geissiane Aguiar
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