Odiava natal. Era
a pior época do ano. Imaginava que iria ser diferente todos os anos, mas quando
se aproximava do dia 24, percebia que sua vida continuava na mesma monotonia de
sempre. As pessoas sempre tentando se amar mais e dias após, continuarem sendo
iguais.
Arrumava a mala pensando
que seria diferente. “Vai ser diferente
esse ano.”, repetia a si mesmo. Mas no fundo e no fundo, sabia que não
seria.
Logo pela manhã partiu
para o seu destino por exaustivas quatro horas. O pensamento ainda a seguia. A
chuva lá fora apertava. Seus olhos não se desviavam da janela com os pingos
escorrendo. Desceu no ponto e olhou para o céu cinza e as pessoas. Um papai
noel falso ficava ouvindo o que as crianças queriam. Revirou os olhos. Pobres
crianças. Mal sabem que estão sendo enganadas.
Pegou um taxi e
seguiu para seu hotel. Iria se encontrar com os demais “amigos” mais tarde para
comemorar o natal, mas teria de esperar a hora. Molhou seu sapato ao sair do
taxi. Agradeceu ao motorista que lhe desejou um Feliz Natal. Sorriu de lado e
saiu correndo para não se molhar mais.
Chegou à
recepção e sorriu para o atendente.
- Calita Aviera.
Ele sorriu de
volta e pediu para que aguardasse um pouco. Ela observou o local e percebeu que
havia bem mais luzes piscando do que qualquer outro lugar. Pegou as chaves e
subiu para o quarto.
Deitou-se na
cama sem desfazer as malas e percebeu que a chuva aumentava lá fora. Desse
jeito, seria difícil de se “comemorar” o natal.
Dormiu e
lembrou-se de sua família. De como seus pais gostavam de sua presença e de como
sentia falta de ver seus irmãos. Suas lágrimas rolaram. Sentiu saudade.
Lembrou-se em como tinha sido egoísta ao pensar que comemorando com seus amigos,
salvaria seu feriado, mas acabou se esquecendo do verdadeiro sentido.
Olhou para o
relógio.
Sete horas.
Entrou na internet
verificando os horários dos próximos ônibus. Sete e vinte. Discou para um taxi
e desceu para a recepção entregando as chaves. Pensou em ligar para poder
avisar, mas queria que eles fossem surpreendidos. Pegou um ônibus e torceu
baixinho para uma intervenção divina os acompanhar. Se tudo desse certo, chegaria
a tempo de ouvir a piadinha de seu pai sobre o pavê ou sua avó perguntando
sobre os namoradinhos que ela nunca teve. Tempo de reunir seus irmãos e dizer
que sentia muito ao os deixar.
Meio sonolenta
percebeu que uma luz se acendeu. Olhou para o relógio e sorriu. Meia hora antes
de começarem a comemorar. Desceu correndo no terminal e tomou o único taxi que
estava disponível.
Se sentia mais
viva diante de sua decisão. Algo dentro de si fazia com que respirasse mais
rápido. Avistou a casa verde cheia de enfeites e luzes de natal. Abriu a porta
e entrou. Avistou seus pais, avó e irmãos.
Pediu desculpas por
não ter chegado mais cedo. Não foi recebida com palavra alguma. Foi recebida
com abraços. O melhor de todos eles. É Natal cada vez que você perdoa alguém.
Desejou nunca mais
se esquecer do verdadeiro sentido do Natal, e a verdadeira solidariedade e
humanismo possam ser pensados e ensinados, para que possamos ter uma sociedade
melhor no futuro. Só reclamar e colocar a culpa no outro não resolve, era tempo
de refletir. Não é a comida ou os presentes, mas sim, algo que vem lá de cima.
Isaiah 9:6-7
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os
seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai
Eterno, Príncipe da Paz. Do aumento do seu governo e da paz não haverá fim,
sobre o trono de Davi e no seu reino, para o estabelecer e o fortificar em
retidão e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos exércitos
fará isso.”
- Só Shoski
Créditos a Nathalia Faria.
nice job anne
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